9 de junho de 2013

Cap.XII - Uma espécie de poesia

 OS MEUS OLHOS

São escuros os meus olhos
Tradutores do coração
Para ver tudo luzente
Não importa de que cor são…

Perdoem-me todos os outros
Porque cores há muitas mais
Lá diz a velha canção
Os castanhos são leais…

Sempre abertos, sempre atentos
Tanto riem, como choram
Veem perto, veem longe
Uns odeiam, outros adoram…

São assim estes meus olhos
Que nem tudo querem ver,
São olhos que tudo dizem
Para quem os quiser ler…

FF

4 de junho de 2013

Cap.XI - Mais um degrau no sonho




Como pai, não consigo disfarçar um imenso orgulho pela entrada do meu filho, aos 14 anos, no lote dos melhores tenistas nacionais.

Nada está ganho, mas este honroso 8º lugar no Ranking de Sub16, o patamar mais alto da sua curta carreira, é sobretudo uma justa recompensa para quem tem tanta paixão pelo ténis, e sobretudo para quem trabalha com tanto entusiasmo e sacrifício, nunca virando a cara à luta em busca dos seus objetivos nesta difícil modalidade.

Esta foi apenas a primeira de muitas etapas a cumprir, mas por ser motivadora e importante, gostava de deixar aqui uma palavra de gratidão a todos os que contribuíram para este significativo momento.

Começaria por agradecer ao seu 1º treinador Henrique Assis, que à conta de uma inesperada atividade escolar, pouco tempo depois me chamou, quase me obrigando a colocá-lo num clube (SC Porto), reconhecendo-lhe qualidades, apesar de começar quase aos 10 anos, um pouco tarde para estas andanças.
Em boa hora o fez Professor.

Um profundo agradecimento também aos Professores João Maio e Victor Ferreira que durante 3 anos, foram interessados responsáveis por todas as bases que ele adquiriu e pelo suporte competitivo que foi conquistando, com ajuda também do Pedro Coelho.

Por último, um abraço de gratidão ao seu atual treinador Manuel Barros que em pouco mais de 8 meses, potenciou ainda mais as suas qualidades e melhorou os seus índices técnicos, táticos e mentais, para além de uma excelente relação de cumplicidade e amizade.

A todos estes homens, o meu justo reconhecimento pelo papel que tiveram nesta ascensão do Kiko, não só na vertente desportiva e humana, mas também por toda a competência e dedicação que lhe dispensaram. Nunca os esquecerei e ele certamente, também não.

Agora o caminho é em frente. Trabalhar, trabalhar, trabalhar.
É verdade que é um caminho de muitos sacrifícios e privações, mas quem o conhece, sabe que isso não o assusta, especialmente porque só tem em mente o ténis para o seu futuro.

Agora que chegou até aqui, a responsabilidade aumenta, mas também deverá aumentar o empenho, a coragem e sobretudo a humildade. Só assim se fazem campeões.

Pela minha parte, tudo farei o que estiver ao meu alcance, dentro de uma lógica racional e de bom senso, para corresponder às expectativas que ele tem.

O caminho é longo … muito longo.
 

Vai em frente Kiko

1 de junho de 2013

Cap.X - Crianças sem idade…

Quantas vezes, dou comigo a extravasar o lado de criança que há dentro de mim. Ao fim destes 50 anos, não consegui ainda dissociar-me dessa fase primária das nossas vidas. Ainda bem que assim é. São bons momentos de felicidade os que se vivem quando, por instantes, voltamos a ser crianças.

Vem isto a propósito do Dia Mundial da Criança e da homenagem que lhes quero prestar à sua pureza e à sua grandeza.
Todas as crianças são naturalmente genuínas e fantásticas, e um enorme abraço a todas, mas a dedicatória de hoje vai especialmente para duas castas de crianças.

Em primeiro, para as que sofrem: sofrem por doenças cruéis, sofrem por violências físicas e morais, sofrem pelas maldades dos adultos, sofrem por fome, por coação, por chantagens e por incompreensíveis brutalidades humanas.

Em segundo lugar, para as crianças que têm tudo e não têm nada. Isso mesmo, as crianças que têm todos os brinquedos, todas as modernas tecnologias, todos os bens materiais e todas as luxuosas comodidades, mas falta-lhes o calor de uma família, falta-lhes diálogo e o tempo dos pais, falta-lhes regras e disciplina, falta-lhes tolerância e compreensão, falta-lhes orientação e objetivos, em suma, falta-lhes educação, amor e carinho.
São crianças criadas num ambiente onde o “Ter” é mais importante que o “Ser”.
Há muitas crianças assim, infelizmente cada vez mais.
Isso preocupa-me, porque não sei se as bases que têm hoje, são suficientes para se tornarem pessoas felizes no amanhã. Temo que não…
Claro que estas crianças são vítimas, e não culpadas, mas era bom que os pais acordassem a tempo…

Um último abraço para todas as crianças que conheço, sejam familiares ou amigas, e também para os meus filhos, que embora já crescidinhos, continuam para mim a ser duas maravilhosas crianças. Nunca deixem de o ser…

Feliz Dia da Criança…

22 de maio de 2013

Cap.IX - Quanto vale um abraço ...

Ontem no aeroporto, enquanto esperava por uns amigos vindos de Barcelona, deparei-me com alguns episódios que agitaram o meu lado sensível e emocional.
Gente que parte e que chega, envolvida num clima de cumplicidade, que termina quase sempre carimbado com um intenso abraço.

Porque hoje é Dia do Abraço, talvez valha a pena distinguir entre o abraço físico e o abraço sentido, ou entre o abraço interesseiro e o abraço desinteressado.
Os abraços são como os queijos, há muitos e para todos os gostos, mas eu inclino-me mais perante os abraços inflamados, daqueles que fazem tremer as pernas, e que apetece não terminarem nunca.

Foi isso que vi ontem, no olhar de uma criança de meia dúzia de anos que, alegremente, via chegar o seu Pai, e também na despedida de um par, previsivelmente Mãe e Filho, que o cenário exposto, apontava para uma separação por largo tempo, talvez à procura bem longe, de uma porta de saída para a crise que por cá se vive.
Ambas as situações inquietaram-me. Por instantes sustive a respiração e pensei nas motivações daqueles abraços.
Quantas coisas nos entram na cabeça nestes momentos…
Realmente há abraços e abraços…

Não deixem o abraço cair na vulgaridade. Que ele seja sempre o reflexo de um sentimento genuíno, de um desejo profundo ou de um símbolo de gratidão.
A vida dá-nos muitas oportunidades para abraçar a sério. Aproveitemo-las…
Por falar nisso, pense em alguém que gostaria de dar um desses bons abraços neste momento, e não pode…

15 de maio de 2013

Cap.VIII - Pobre país, para onde caminhas

A todos os PORTUGUESES patrióticos que, independentemente da sua cor clubística, puseram hoje a sua honra e o seu país à frente de qualquer fanatismo, a minha gratidão, pois felizmente
representam a grande maioria (ou talvez não) sensata desta nobre nação.

A todos os outros, a quem o ódio cega, o fanatismo atrofia, e às vezes quando dá jeito, lá conseguem ser portugueses, o meu maior lamento por terem a possibilidade de viver num país de gente boa e que não merecia ter tais ervas daninhas, seja elas de que cor sejam, e claro que existem de todas as cores, e de todos os lados, obviamente..
Mas é o país que temos, nada a fazer. Dantes não era assim, mas enfim … modernices !!!...

Mesmo assim, e porque continuo a orgulhar-me do meu país antes de tudo, nunca me arrependerei de ter andado já pelas ruas a festejar vitórias internacionais de outros clubes…

Tenho dito 

12 de maio de 2013

Cap.VII - Obrigado Enfermeiros

Todos nós, convivemos recorrentemente com problemas de saúde.
Naturalmente, apelamos aos serviços médicos como sendo a salvação dos nossos problemas. Isto é uma verdade inquestionável...
No entanto, esquecemo-nos muitas vezes de quem tem a missão de nos acompanhar, de nos tratar e de nos proporcionar o alívio da angústia da doença. Esses são os enfermeiros.
Fazem-nos habitualmente com o carinho próprio de quem não abraçou só uma profissão, mas sim uma missão.

É neles que entregamos a nossa dor, não só física, mas também da alma.
É neles que depositamos a nossa confiança em dias melhores.
É neles que descarregamos todos os nossos desesperos e ansiedades.
É neles que confiamos a estabilidade da nossa condição humana, quer em aspetos patológicos, quer em aspetos emocionais.

Quase sempre, sentimos que somos mais fortes quando estamos nas suas mãos, porque são eles que vivem com os doentes, para os doentes e em função dos doentes.
Sei do que falo, porque vivo com uma diariamente, e que fala dos doentes, como se tratassem de uma parte importante da sua vida.

Porque hoje é Dia Internacional do Enfermeiro, quero aqui prestar a minha justa homenagem a todos os que abraçaram esta nobre profissão, especialmente àqueles que o fazem por pura vocação.

Também eu já convivi muito de perto com a companhia deles, numa fase difícil da minha vida, e o pior que posso dizer, é que contribuíram decisivamente para que eu hoje possa estar ainda aqui vivo a escrever estas singelas linhas.

A todos os enfermeiros, especialmente aos muitos amigos que tenho nesta profissão, o meu bem haja pela excelência e nobreza da vossa arte.

É BOM PODER CONTAR CONVOSCO…

9 de maio de 2013

Cap. VI - Paixões perigosas

Aproxima-se o final do campeonato de futebol.
Brevemente mais um Porto-Benfica, e certamente mais um triste espetáculo fora das quatro linhas, antes e depois do jogo, aliás como sempre tem acontecido nos anos mais recentes entre os dois clubes, tanto lá, como cá. Fico sempre sem perceber se estamos a falar de um jogo de futebol, ou de uma qualquer saga Aljubarrotesca.
Como em todos os anos anteriores, provocações e mais provocações, polémicas e mais polémicas, insultos e mais insultos, faca e alguidar, “sujinhos” e “limpinhos”.
Isto já para não falar dos muitos casos de violência recentemente registados em diversos campos de futebol.

Caros amigos, alguma coisa não está bem neste mundo de hoje que se diz avançado e moderno. Estamos doentes, a demência invadiu-nos. Até quando, a ira, o ódio e a cegueira tomarão conta de nós?
Será que não conseguimos ter um laivo de inteligência para perceber que se trata apenas de um jogo, que dura 90 minutos, e que o resultado de tudo isto, apenas serve vinte e tantas criaturas que ali andam, e mais uns quantos que vivem à custa daquilo?

Vivi o futebol como adepto, durante 30 anos e afastei-me quando senti que as paixões estavam muito para lá da racionalidade e do bom senso.
Assisti a muitos Benfica-Porto e Porto-Benfica. Sempre houve em tempos, uma forte rivalidade entre ambos e um ambiente fogoso nesses jogos. Iam famílias juntas ao futebol, mesmo com camisolas diferentes. Quando chegávamos aos jogos internacionais, rejubilávamos com as vitórias portuguesas, independentemente da cor do clube. Até aqui tudo bem e normal.
Nos últimos anos, porém tudo se alterou, e para pior. Passou-se a falar de muita coisa, menos do jogo em si.
Já pensaram bem naqueles espetáculos deprimentes de centenas de polícias a acompanhar as claques antes e depois dos jogos? Sabem quem paga tudo isso?
Já pensaram bem nos sucessivos casos de violência, cada vez que se encontram os dois clubes, não só no futebol mas também nas outras modalidades?
Já pensaram bem, nos amigos que se perdem, nas discórdias entre familiares, nas desavenças entre colegas, tudo por causa do futebol?
Já pensaram que, cada vez que fazemos comentários odiosos sobre o adversário, estamos também a ofender diretamente os nossos amigos que sejam adeptos desse clube?

Oh meu Deus, será que vale a pena tudo isto?
Perdemos a cabeça e ainda não demos por ela…
Há culpados? Claro que sim, a começar pelas lideranças de ambos os clubes nos últimos anos, assumindo este desígnio como troféus pessoais dos seus egos, mesmo que isso custe uma crispação desobstinada dos seus seguidores. As vingançazinhas pessoais entre compadres, acabam por se alastrar às massas alucinadas, dando assim origem a esta festança de triste cenário, não escapando sequer as claques, que fazem de cruéis figurantes deste enfadonho cortejo.
Para ajudar à pesarosa procissão, e a este ambiente de cortar à faca, temos ainda um “grupinho” de insuportáveis falantes televisivos, a quem chamam de comentadores desportivos, e que mais não fazem do que um concurso entre os próprios, para ver quem leva o troféu de berrar mais alto e de dizer mais disparates, sem que se perceba porque falam eles de futebol, se dele nada percebem. Cheiram a encomenda, mas podiam enviar-nos em embrulhos de melhor escolha…

Será que ainda não perceberam que toda esta tacanha guerrilha, incendiada e alimentada por toda esta gente atrás referida, desde o topo, até às bases, tem como único objetivo, cegar-nos e exacerbar cada vez mais a nossa paixão, para continuarmos a ser contribuintes ativos dos clubes? Que seriam eles, sem a vossa paixão e a vossa nobre contribuição?

É engraçado, vivemos num tempo em que muitos se queixam de não haver sequer dinheiro para a sopa dos filhos, mas se calhar, para esses mesmos queixosos, o bilhetinho dos jogos é sagradinho.
Não perceberam ainda que é isso que querem, os senhores que promovem esta batalha sem tréguas? Bem me parece que não perceberam … A paixão é tanta que chega a tolher-nos.

É tempo de sermos gente adulta, pensarmos pela própria cabeça e formarmos a nossa própria opinião. Esta coisa dos adeptos seguirem e copiarem os discursos cínicos dos seus “deuses”, revela uma preocupante psicopatia de perigosas consequências.

Podemos ter paixões? Claro que sim, mas também podemos ser independentes na opinião, racionais e mentalmente bem formados.
Talvez um dia, eu venha a perceber onde se misturam as paixões que se tem pela mulher ou namorada, com a que se tem pelo clube. Ou será que é tudo a mesma coisa? Pelo menos a palavra paixão é a mesma…

No final desta peça, dirão alguns: “Este não sabe o que é paixão”. Sei sei, podem crer que sei. Sei o que é paixão pela família, paixão pelos amigos, paixão pelo trabalho e sobretudo paixão pela vida, por esta mesma vida que eu já estive perto de perder. Talvez por isso mesmo, não consigo comparar sequer estas paixões que tenho, com a paixão doentia por um clube, e muito menos, servindo-me disso para achincalhar e humilhar os que me rodeiam.

Se tenho um clube preferido? Ah claro que tenho, e torço por ele, mas isso não nos deve tirar a lucidez, resvalando para o cinismo e provocações de nível foleiro.

Pensando bem, se calhar até nem estamos a falar de um problema de paixão por um clube, pois o que se está a tornar normal nos dias de hoje, é que mais importante que o nosso clube ganhar, é que o rival perca, seja onde for e de que forma for. Isso sim, parece ser o mais importante.
O que pesa mais então ? A paixão pelo nosso clube, ou o ódio pelo rival? Eu já tirei as minhas conclusões…

Talvez nunca se tenham apercebido que, ao manifestarem ódio por um clube, e pelos seus adeptos, como agora é moda, atingem também os vossos amigos que são adeptos desse mesmo clube. E não adianta disfarçarem, ou fazer de conta que essas ofensas são dirigidas só para alguns. Desenganem-se… Todos se sentirão ofendidos, naturalmente.

É curioso que, os que criticam o fanatismo religioso, o fanatismo político e outros fanatismos, são muitas vezes os mesmos que alimentam e potenciam o fanatismo por um clube de futebol, capazes até de o levar ao extremo da provocação e da violência. Então, qual é a diferença ? Há um fanatismo mau que é dos outros, e o nosso é de boa qualidade? Não será isto também uma forma de racismo, que muitos dizem condenar mas, pelos vistos, praticam-no?

Não meus amigos, nada disto está certo.
Estamos a falar só de um jogo.
A nossa vida é muito mais do que isso. A nossa vida, por si só, já é um jogo, e um jogo de alto risco, que não se compadece com estas crueldades que nos diminuem o equilíbrio mental.
Até posso, interiormente, discordar de um penalty ou de um cartão vermelho, mas nunca me viram, nem verão, a comentar ofensivamente aqui no facebook, nem em lado nenhum, peripécias de um jogo destes, e muito menos a copiar e a exibir triunfalmente, imagens com insultos e provocações, como se vê tão frequentemente. Sabem porquê? Porque tenho amigos e familiares em ambos os clubes, e por muito que isso pareça estranho nos dias de hoje, a minha paixão por esses familiares e amigos, ainda é, e sempre há-de ser, muito superior à paixão por qualquer clube.

Fico triste com os comentários miseráveis que por aqui vão passando, domingo a domingo, esquecendo os seus autores e publicadores, que nas suas páginas estão centenas de ”amigos” e muitos deles do clube adversário. Rica forma esta de tratar os “amigos”…

Além do mais, há uma palavra chave que se perdeu muito na sociedade portuguesa e, claro, o futebol não foge à regra: RESPEITO. E é esse mesmo respeito que me merecem os meus amigos, que antes de serem portistas ou benfiquistas, são seres humanos com dignidade, a quem eu respeitarei sempre, até perder o juízo algum dia.
Lembrem-se que nunca poderão ser respeitados se não respeitarem os outros. A melhor forma de respeitar o adversário é felicitá-lo pela vitória, ou consolá-lo na derrota, mesmo que isso nos custe. Se assim o fizermos, amanhã receberemos certamente da mesma moeda…
Habituei-me a cumprimentar sempre os meus adversários, quando perdi e quando ganhei. Foi assim no passado e sempre assim será. Talvez por isso, até hoje, nunca fui desrespeitado ou ofendido por nenhum deles. Aliás, a grande maioria dos meus amigos, são do clube rival e isso satisfaz-me porque sabemos ambos onde acaba a paixão e começa a amizade.

Uma última palavra para os mais jovens.
Não caiam nesta armadilha. Vocês ainda estão a tempo de não se deixarem manipular por esta guerra sem sentido. Saibam ganhar e saibam perder, mas acima de tudo, formem vocês próprios a vossa opinião, sem ódios nem fundamentalismos.
Não copiem ninguém, sejam genuínos, criativos e sensatos.
Não expliquem aos mais velhos como se faz, mas comecem vocês mesmos a fazer de uma forma diferente e a mudar as vossas mentalidades. Seguramente que os mais velhos vos seguirão.
A grande maioria dos jovens, pratica desporto e conhece melhor que ninguém, as palavras desportivismo, tolerância e Fair Play. Apliquem isso na vossa vida e até nas vossas paixões clubísticas. Serão assim o melhor exemplo que a sociedade espera de vós.

E pronto, está terminada a minha missão. Não deduzam deste meu “desabafo”, qualquer pretensão de dar uma lição de moral, seja a quem for, claro que não, mas parece-me que estamos a confundir o desporto, ou paixão, com outra coisa qualquer. Tudo isto pode explodir a qualquer momento e com consequências impensáveis.
Talvez valha a pena descermos à terra e respeitarmo-nos mutuamente.
Brincar e gracejar, sim, até pode ter piada, mas provocar, enxovalhar ou caluniar, não é seguramente, a melhor forma de elevarmos a palavra amizade.
90 minutos não substituem a força de uma relação, às vezes de muitos anos.
O fanatismo, a provocação e o cinismo, matam, mesmo que nos traga aparentes e fugazes prazeres.
Recuperemos o bom senso. A vida já nos dá muitas preocupações.

Vivam o futebol, como um espetáculo, com rivalidade, com emoção e com o coração sim, mas também com a razão, e sobretudo, com EDUCAÇÃO. Quer de um lado, quer do outro.

Pensem nisto … Antes que seja tarde !...

1 de abril de 2013

Cap.V - 1 de Abril, cada vais mais aceso

Chamam-lhe dia das mentiras, das petas ou dos enganos, mas prefiro sempre valorizar as brincadeiras mais marotas ou criativas que se fazem, ou se publicam, neste dia.
 
Para dar intensidade ao meu “desabafo” de hoje, talvez deva abordar apenas o engano, não o próprio deste dia, mas aquele que tantas vezes se cruza no nosso caminho de vida.
Todos nos enganamos. Uns por distração, outros porque tentam enganar em favor próprio, e outros ainda porque, talvez, andem mesmo enganados.

- Anda enganado um país, com tanta gente a enganarem-se uns aos outros…
- Enganam-se os avarentos que acham que levam fortunas para o caixão…
- Enganam-se os fanáticos que misturam paixão clubística, com ódios cegos por quem não é da sua cor…
- Enganam-se os trabalhadores que se limitam a desejar que o relógio avance, sem qualquer brio e honra pessoal ou orgulho na sua missão …
- Enganam-se os empresários que não pagam aos seus trabalhadores e ostentam imorais fortunas e impérios…
- Enganam-se os que forjam nomeações e promoções, sem zelo ou mérito pessoal…
- Enganam-se os estudantes que desperdiçam o presente, tentado retardar o futuro…
- Enganam-se alguns que confundem hiperatividade com má educação…
- Enganam-se os casais que fingem amar-se, quando afinal apenas convivem e se toleram, ou nem isso…
- Enganam-se os pais que defendem que educar não é compatível com disponibilidade, dedicação e autoridade…
- Enganam-se os filhos que arremessam os seus velhos pais, para ambientes de solidão ou abrigos sem qualquer pingo de conforto e dignidade…
- Enganam-se os que julgam ter muitos amigos, quando afinal não passam de fiéis oportunistas para satisfazer uma qualquer conveniência…
- Enganam-se os que pensam que a fama, a glória ou a luxúria, nos dão direito a um venerável lugar no paraíso da eternidade…
- Enganam-se os que se divertem a invejar a felicidade dos outros, sem nunca ter feito nada para ter a sua…
- Enganam-se alguns políticos que provam que a sua maior arte, é mesmo enganar…
- Enganam-se os que olham para o seu umbigo, sem perceber que há um mundo à nossa volta a quem podemos, e devemos, ser úteis…
- Enganam-se os que julgam e criticam os outros, sem ter o cuidado de passar pelo espelho lá de casa…
- Enganam-se os arrogantes, os presunçosos, os cínicos e os orgulhosos…

E por fim, talvez o maior engano de todos…
- Enganam-se os que se convencem que nunca se enganam…

Se pensarmos que o engano nos pode já ter dado muitos dissabores na vida, mas também nos pode ter feito crescer e tornar-nos mais fortes, então talvez seja preferível tomarmos este dia pelo lado positivo, e tentarmos recordar quantas vezes nos enganámos e que benefícios colhemos disso, ou o quanto isso nos custou.

Enganarmo-nos é natural e admissível. Enganar os outros, talvez não seja tão natural assim…
Reconhecer que nos enganamos, é uma virtude. Tentar enganar os outros, é um perigoso defeito que desonra, e que deixa mácula para todo o sempre. Até nos pode trazer benefícios no imediato, mas seguramente pagaremos mais tarde a ousadia da nossa esperteza. Pela menos, na consciência…

Há enganos e enganos…
Enganem-se os que pensam que enganam os outros. Talvez se estejam a enganar a si próprios.

Há ir e voltar…

29 de março de 2013

Cap.IV - Nem só as galinhas andam doidas

 Inacreditável … Onde isto irá parar ?

Vem-me à memória, a recente visita a Portugal do cantor Justin Bieber, um canadiano de 19 anos, ídolo dos adolescentes.
De repente, deparo com uma notícia estranha. Crianças de 11, 12 anos, mochila às costas, um dúzia de euros no bolso e lá vão elas, calcorreando quilómetros atrás de uma ilusão, abrigadas numa qualquer tenda á volta de um concerto, e pior que tudo, SOZINHAS, que é como quem diz, em grupinhos de duvidosa sustentação e sem a companhia de uma pessoa adulta e responsável.
Não, ninguém me contou, eu vi …

Fiquei atordoado. Inimaginável…
Ainda hoje, por cá anda uma réstia de um malvado pesadelo que me persegue.
Desculpem-me o desabafo mas … ESTÁ TUDO DOIDO !!!...

Que as miúdas queiram ver um espetáculo, acho normal.
Que elas alimentem paixões por estes ídolos com pés de barro, até posso achar isso também normal.
Agora o que eu não acho normal, aliás acho até criminoso, os pais ou tutores, validarem e patrocinarem estas escapadelas, com crianças entregues à sua sorte, e sempre com aquele argumento bacoco que “têm que estar preparadas para a vida”. Aos 11 anos ? Santo Deus… enlouquecemos !!!...

Dizem-me que agora é assim, é o sinal dos novos tempos … Talvez seja, mas então não nos queixemos de crises nem de infortúnios, pois pelos vistos, a crise, antes de tudo, está bem dentro das nossas casas. Quando um país tem famílias em crise de valores, crise de bom senso, crise de autoridade e crise de orientação, então sim, é verdade, está mesmo em crise. Diria mais, está doente, muito doente…

De uma coisa eu tenho a certeza: para mim, esta crise de demissão de responsabilidades dos pais, é muito mais grave do que qualquer crise económica porque, no essencial, estamos a falar das crianças que amanhã serão, ou deveriam ser, o suporte moral do nosso país. Com franqueza, não acredito, nem acreditarão os pais conscientes, que esta seja a melhora forma de os preparar para a vida.
Talvez sejam até os pais destas meninas, os mesmos que andam pelas manifestações a batalhar outras crises, esquecendo-se que são cúmplices de uma outra crise interior bem mais nefasta que, essa sim, pode arruinar as suas próprias vidas e as suas consciências.

Aprendi na vida a nunca lançar pedras, porque os nossos telhados também são demasiado frágeis, mas tudo o que tenha a ver com a preparação dos nossos filhos para a vida, deixa-me um bocadinho inquieto, especialmente quando ultrapassa os limites do bom senso, como parece ser o caso. Acompanhemo-los ou confiemos-lhes companhias credíveis … pelo menos.

Claro que estas crianças são as menos culpadas. Digo mais, não têm mesmo qualquer culpa. E não me venham com histórias que estas idades estão já formatadas e preparadas para irem à conquista do mundo, assim sem rei nem roque. Todos sabemos que não…
Não são desejáveis excessivas amarras nem proteções, mas tudo tem um caminho e uma idade. Cada coisa no seu tempo, e estas “coisas” parecem-me demasiado precoces e perigosas. Até porque, quem outorga estas leviandades, seguramente é capaz de consentir coisas bem piores. Assim sendo, não só estão a trucidar os seus próprios filhos como, por contágio, acabam por destroçar também uma sociedade inteira.

Como diria a minha avó, este mundo está podre … Ou então é a idade que me está a apodrecer as ideias.
Talvez seja … Era melhor que assim fosse.
Pelo menos salvavam-se as crianças… 

19 de março de 2013

Cap.III - Dia do Pai, ou só de alguns Pais

Será que todos os pais merecem comemorar este dia ?
Sou dos que pensam que um pai não dever ser apenas o resultado de um episódio sexual gerador de um filho, mas sim um privilégio exclusivo de quem, responsavelmente, vive e sente todas as missões de um verdadeiro pai.
Recordo-me de uma imagem que aqui partilhei anteriormente, que dizia apenas isto: “Qualquer homem pode fazer um filho, mas nem todos merecem ser pais”. Se assim o pu
bliquei, assim o penso. Tudo se resume afinal a uma pequena diferença: ser pai, ou ser PAI.

Porque hoje é Dia do Pai, valerá a pena, não só homenagear todos os que preenchem, com nobreza, a sua árdua função, mas também confortar todos os filhos que gostariam de festejar este dia de uma forma mais entusiasta e sobretudo de uma forma mais afetiva, mas por qualquer razão, não sentem o brilho deste dia especial.
Conheço o significado dessas frustrações porque, também eu, enquanto filho, senti a mágoa de comemorar estes dias, sem chama, sem alegria e de coração apertado.
Já vivi os dois lados do problema: Ter um pai, mas quase nunca estar presente, e mais tarde, querer um Pai, mas já não poder estar presente. Não me perguntem o que é pior. Uma coisa, no entanto, eu agradeço ao meu pai: ter-me demonstrado como não se deve sê-lo. Isso, pelo menos, eu aprendi com ele.
Muito do que tento transmitir hoje aos meus filhos, é um pouco o inverso do que recebi. Se é bom, ou mau, o tempo o dirá, mas tenho esperança que a fórmula dê bons resultados.

Não é fácil ser PAI, nos dias de hoje. O mundo, fora das nossas portas, está perigoso, muito perigoso, e esse perigo acaba por se arrastar também para dentro das nossas casas e influenciar comportamentos. Por isso a nossa missão, assume-se cada vez mais complicada…
Nem sempre podemos educar como queremos, porque somos muitas vezes condicionados por este mundo que chamam de moderno. Temos que alcançar tudo com dedicação, com paixão, mas sobretudo com profundas convicções.

Pela minha parte, essas convicções levaram-me, desde o nascimento dos meus filhos, a assumir determinados princípios e preocupações que defenderei até à morte, mesmo que tenha naturais dúvidas e interrogações:

Criar filhos sensatos e tolerantes, sem presunção e arrogância…
Cultivar-lhes o esforço e a exigência e nunca o facilitismo ou o desperdício
Exercermos autoridade, mas sem autoritarismos…
Não satisfazer todas as vontades, mas demonstrar vontade de fazer coisas…
Privilegiar as referências e os bons exemplos como padrão de comportamento…
Tirar muito do nosso tempo, para partilhar com os filhos o mais tempo possível…
Incentivá-los na luta por objetivos de vida, e não a passividade à espera das coisas fáceis e boas da vida…
Fomentar uma atitude de respeito pelos outros, para serem também respeitados pela vida fora…
Dar à palavra Não, a mesma importância e expressividade que à palavra Sim…
Estimular o diálogo e a opinião, valorizando o saber falar e o saber ouvir…
Brincar, rir e chorar juntos, quanto mais melhor…
Estar presente em todos os momentos marcantes para eles, sejam bons ou menos bons…
Formar gente com valores, com regras e com afetos…
Vincar a faceta de pai, mas também de amigo e de confidente…
Em suma, educar na vida e para a vida…

Se falhei, ou continuarei a falhar? Claro que sim, como todos nós, e disso me penitenciarei sem vacilar, mas não será nunca por falta das tais convicções, e de amor a uma missão que assumi com felicidade.

Mas afinal quem é, ou como se define, o melhor PAI ? Isso não é muito importante, sabendo que cada um de nós acha sempre que tem o melhor pai do mundo. O mais importante mesmo, é que cada pai tenha a noção das suas responsabilidades e dê o melhor de si em prol do presente e futuro dos seus filhos. Todos erramos e os pais, naturalmente, não fogem à regra.
Continuo a pensar, no entanto, que um bom PAI é aquele que formar moralmente bem os seus filhos. Sendo moralmente bem formados, os filhos estarão também mais bem preparados para enfrentar todas as peripécias da vida. Esse é, seguramente, o nosso maior desafio.
Criando boas pessoas, naturalmente estamos também a criar futuros bons profissionais, bons companheiros e, certamente, futuros bons pais também.
Não me preocupa formar sabichões, mas sim sábios. Sábios para enfrentar todas as variantes da vida. A moral, seguramente está acima de todas as sabedorias. O resto vem por acréscimo.
Se participarmos ativamente e apaixonadamente nesta caminhada paternal, a nossa missão terá mais possibilidades de ser bem sucedida.

Uma mensagem especial de conforto para quem, como eu, já perdeu o seu PAI. A melhor forma de honrarem a sua memória, é usufruirem em cada dia, os bons valores que vos foram transmitidos.

Uma palavra final para todos os filhos.
Assusta-me o número cada vez maior de pais desprezados e arrumados num qualquer retiro. Eu sei que a sociedade está a perder diariamente muitos dos seus valores, mas deveis à vossa consciência, um justo tributo a quem vos trouxe ao mundo e vos ajudou a crescer, especialmente aos que deram tudo de si para vos acompanhar.
A gratidão e o reconhecimento, é a melhor forma de celebrar, hoje e todos os dias, o esforço e as provas de amor que os vossos pais vos dão, ou vos deram. Mas porque hoje é DIA DO PAI, aproveitem para dar um especial e sentido abraço ao vosso PAI.
Apesar de todos os meus lamentos que atrás referi, também eu gostava de dar um abraço ao meu…

FELIZ DIA DO PAI

15 de março de 2013

Cap.II - Não deixes nada por dizer

Não ter tempo, pode ser tarde demais.
Vem-me à memória um recente funeral onde estive presente.
Um filho, há muito afastado da convivência com o pai, contemplava o caixão à distância, sem no entanto, ter coragem para se aproximar. Soube, de permeio, que essa atitude se poderia dever a um profundo arrependimento por não ter, em vida, dito ao seu pai tudo o que sentia.
Era tarde …Tarde demais…
Por instantes, muitos instantes aliás, fiquei a meditar naquele quadro. Nada que todos nós não saibamos, mas da realidade à prática, por vezes vão longas distâncias.
Será que precisamos de ver alguém partir, para transmitir os nossos afetos e os sinais da nossa dedicação?
Infelizmente, parece que sim, e cada vez mais…

“Não deixes nada para dizer. Amanhã pode ser tarde”, disse eu cá para os meus botões.
Mas porque é que a nossa vida tem que ser como os outros querem e não como entendemos que deve ser? Será que é justo atirarmos todo o ónus das nossas fraquezas, para cima da sociedade em abstrato, quando nós próprios nos esquecemos de fazer a nossa parte, até mesmo as coisas mais simples?
É verdade que o nosso mundo está pejado de vidas demasiado intensas e ocupadas, onde já pouco espaço resta para nobres gestos de bondade e de carinho, até mesmo para os que mais amamos.

Muita correria, pouca paz…
Muita revolta, pouca tolerância…
Muita pressão profissional, pouco convívio familiar…
Muito comodismo, pouca coragem…
Muito individualismo, pouca união…
Muita presunção, pouca humildade…
Muita crítica, pouco elogio…
Muito capricho, pouco perdão…
Muita gritaria, pouco diálogo…
Muita razão, pouco coração
Muito TER, pouco SER…

Um magote de perigosas enfermidades, tomou conta de nós, sem que quase nos déssemos conta. É assim o mundo de hoje, o tal mundo que alguns chamam moderno.
Tanto se perdeu…
Um dócil mimo desinteressado, duas ternas palavras ao ouvido, um convincente e franco elogio, um deleitoso abraço, um gesto ou uma palavra de gratidão, tudo isto parece ter-se esvaído dos nossos melhores hábitos, deixando, quase de repente, de fazer parte do compêndio das coisas mais importantes da vida.
Se pensarmos bem que, também nós temos um prazo de validade e que um dia tudo se acaba, talvez ainda possamos ir a tempo de remediar os nossos comportamentos.
Pois é, é verdade, já me esquecia que nem sequer temos tempo para pensar nessas coisas. Mas o pior, é que dias virão, que nos vamos lamentar de não ter esse tempo. Poderemos então ter todo o tempo do mundo, pouco adiantará, porque já não temos tempo para dizer o que, em tempo útil, não soubemos, ou não quisemos dizer…
Casais deste universo, pais, filhos e irmãos, amigos verdadeiros, e tantos outros, deem cor e grandeza às vossas vidas.
Cada dia tem 1440 minutos. Se de todo este tempo, tirarmos 3 minutos, apenas 3 por dia, para doarmos uma gotinha de reconhecimento e carinho a quem amamos, então a nossa vida ficará mais rica e fará muito mais sentido.
Ficamos nós mais fortes, fica o nosso próximo mais forte, fica o mundo mais forte…

Que importa viver muito, se não vivermos bem?
Pessoalmente, continuo a acreditar que viver bem, é respeitar para ser respeitado, é fazer o bem, para o bem receber, especialmente aos que nos estimam e nos ajudam a honrar o caminho da vida. E é isto que eu quero deixar como herança aos meus filhos, como sendo, seguramente, o melhor suporte de preparação para a vida.
Acreditando nestes princípios, certamente continuarei a arranjar TEMPO para, hoje, sim hoje e não amanhã, nada mas mesmo nada deixar por dizer.
Uma simples palavra, ou um gesto espontâneo, valem bem mais que um valioso presente.

Sejamos lúcidos, mesmo antes do fatalismo.
Não esperemos por mais um funeral, para mudarmos o rumo do nosso pensamento…

11 de março de 2013

Cap.I - Felicidade na tragédia

BRINDEM COMIGO, ONDE QUER QUE ESTEJAM

Faz hoje, precisamente, 18 anos que desabou o meu mundo. Sim, esse mundo que nós julgamos ter aos nossos pés, e que nada de mal nos acontece quando estamos na flor da idade. Pura ilusão…
O coração, que tantas vezes foi meu aliado na minha relação com a vida, desta vez traiu-me. De repente, nada do que eu acreditava, fazia sentido. Durante 21 dias, a cama mórbida de um hospital, foi o meu abrigo de angústias e reflexões.
Mas não são essas más recordações que me levam a publicar este pedacinho da alma. Se é verdade que foram os dias mais consternados da minha vida, também é verdade que, tudo isto, germinou também um lado positivo, e é esse lado que eu, hoje, quero festejar e partilhar convosco.

Quero festejar a VIDA que, praticamente, esteve perdida…
Quero festejar a minha família que, embora carregando uma dor e uma cruz imprevista, soube ir buscar forças onde talvez desconhecesse tê-las…
Quero festejar a minha filha que, apenas com 6 meses, foi, não só a minha maior inspiração para voltar à vida, mas também ela própria uma lufada de surpreendentes reações…
Quero festejar os verdadeiros amigos, e eles sabem quem são, que também me alimentaram esse desejo de lutar contra o infortúnio…
Quero festejar o desejo, que de seguida nasceu, de erguer novos caminhos, novos projetos e novos objetivos….
Quero festejar Deus, um bom Amigo que me concedeu mais estes 18 anos de vida, ele lá saberá porque o fez…
 
Todas estas são razões de sobra para relembrar apenas o lado bom da tragédia. Só por isso, vale a pena tornar público este meu testemunho.
Sinto que devo também aproveitar esta data, para partilhar uma mensagem de esperança aos que vivem, ou poderão viver, situações semelhantes. O fatalismo da vida, chega apenas no dia em que a máquina pára definitivamente. Até lá, cumpre-nos o dever e a obrigação, de lutar sempre por ela.
Todos nós temos uma missão a cumprir, e dela não devemos desistir nunca. Esse é um desígnio irreversível e, seguramente, o maior desafio que é proposto ao ser humano.
É difícil? Claro que sim, mas nas vidas fáceis, não há heróis.
Nos momentos difíceis, tão pouco podem existir derrotados antecipadamente. E é nessas ocasiões, nas difíceis claro, que a dimensão do nosso carácter è posta à prova.
Saibamos aproveitar os piores momentos da vida, para conhecer os limites do nosso apego a essa mesma vida. Com coragem, com determinação, mas acima de tudo, com grande amor pelos que nos rodeiam e ajudam a viver…
A vida é uma dádiva tão curta, que a melhor forma de lhe manifestarmos a nossa gratidão, é disputarmos todos os segundos, até ao sufoco, como que de um jogo se tratasse, especialmente nos momentos mais ingratos e quando tudo parece perdido.
Da desgraça, pode nascer a luz.  Depois da tormenta, a minha vida mudou substancialmente, o que prova que podemos reconstruir o sentido da nossa existência e transformar a infelicidade em sucesso. Estes 18 anos foram a melhor prova disso, contando naturalmente com o apoio de muita gente a quem, eternamente, estarei grato.
Por tudo isto, claro que vou celebrar, porque qualquer data importante da vida, merece ser celebrada…
E esta é muito importante, talvez mais até que o próprio aniversário…
Sem ultrapassar uma, não viveria a outra … Nunca mais.

À VIDA…