Faz
hoje, precisamente, 18 anos que desabou o meu mundo. Sim, esse mundo que nós
julgamos ter aos nossos pés, e que nada de mal nos acontece quando estamos na
flor da idade. Pura ilusão…
O
coração, que tantas vezes foi meu aliado na minha relação com a vida, desta vez
traiu-me. De repente, nada do que eu acreditava, fazia sentido. Durante 21
dias, a cama mórbida de um hospital, foi o meu abrigo de angústias e reflexões.
Mas
não são essas más recordações que me levam a publicar este pedacinho da alma.
Se é verdade que foram os dias mais consternados da minha vida, também é
verdade que, tudo isto, germinou também um lado positivo, e é esse lado que eu,
hoje, quero festejar e partilhar convosco.
Quero
festejar a VIDA que, praticamente, esteve perdida…
Quero
festejar a minha família que, embora carregando uma dor e uma cruz imprevista,
soube ir buscar forças onde talvez desconhecesse tê-las…
Quero
festejar a minha filha que, apenas com 6 meses, foi, não só a minha maior
inspiração para voltar à vida, mas também ela própria uma lufada de
surpreendentes reações…
Quero
festejar os verdadeiros amigos, e eles sabem quem são, que também me
alimentaram esse desejo de lutar contra o infortúnio…
Quero
festejar o desejo, que de seguida nasceu, de erguer novos caminhos, novos
projetos e novos objetivos….
Quero
festejar Deus, um bom Amigo que me concedeu mais estes 18 anos de vida, ele lá
saberá porque o fez…
Todas
estas são razões de sobra para relembrar apenas o lado bom da tragédia. Só por
isso, vale a pena tornar público este meu testemunho.
Sinto
que devo também aproveitar esta data, para partilhar uma mensagem de esperança
aos que vivem, ou poderão viver, situações semelhantes. O fatalismo da vida,
chega apenas no dia em que a máquina pára definitivamente. Até lá, cumpre-nos o
dever e a obrigação, de lutar sempre por ela.
Todos
nós temos uma missão a cumprir, e dela não devemos desistir nunca. Esse é um
desígnio irreversível e, seguramente, o maior desafio que é proposto ao ser
humano.
É
difícil? Claro que sim, mas nas vidas fáceis, não há heróis.
Nos
momentos difíceis, tão pouco podem existir derrotados antecipadamente. E é
nessas ocasiões, nas difíceis claro, que a dimensão do nosso carácter è posta à
prova.
Saibamos
aproveitar os piores momentos da vida, para conhecer os limites do nosso apego
a essa mesma vida. Com coragem, com determinação, mas acima de tudo, com grande
amor pelos que nos rodeiam e ajudam a viver…
A
vida é uma dádiva tão curta, que a melhor forma de lhe manifestarmos a nossa
gratidão, é disputarmos todos os segundos, até ao sufoco, como que de um jogo
se tratasse, especialmente nos momentos mais ingratos e quando tudo parece
perdido.
Da
desgraça, pode nascer a luz. Depois da tormenta, a minha vida mudou
substancialmente, o que prova que podemos reconstruir o sentido da nossa
existência e transformar a infelicidade em sucesso. Estes 18 anos foram a
melhor prova disso, contando naturalmente com o apoio de muita gente a quem,
eternamente, estarei grato.
Por
tudo isto, claro que vou celebrar, porque qualquer data importante da vida,
merece ser celebrada…
E
esta é muito importante, talvez mais até que o próprio aniversário…
Sem
ultrapassar uma, não viveria a outra … Nunca mais.
À
VIDA…
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