19 de março de 2013

Cap.III - Dia do Pai, ou só de alguns Pais

Será que todos os pais merecem comemorar este dia ?
Sou dos que pensam que um pai não dever ser apenas o resultado de um episódio sexual gerador de um filho, mas sim um privilégio exclusivo de quem, responsavelmente, vive e sente todas as missões de um verdadeiro pai.
Recordo-me de uma imagem que aqui partilhei anteriormente, que dizia apenas isto: “Qualquer homem pode fazer um filho, mas nem todos merecem ser pais”. Se assim o pu
bliquei, assim o penso. Tudo se resume afinal a uma pequena diferença: ser pai, ou ser PAI.

Porque hoje é Dia do Pai, valerá a pena, não só homenagear todos os que preenchem, com nobreza, a sua árdua função, mas também confortar todos os filhos que gostariam de festejar este dia de uma forma mais entusiasta e sobretudo de uma forma mais afetiva, mas por qualquer razão, não sentem o brilho deste dia especial.
Conheço o significado dessas frustrações porque, também eu, enquanto filho, senti a mágoa de comemorar estes dias, sem chama, sem alegria e de coração apertado.
Já vivi os dois lados do problema: Ter um pai, mas quase nunca estar presente, e mais tarde, querer um Pai, mas já não poder estar presente. Não me perguntem o que é pior. Uma coisa, no entanto, eu agradeço ao meu pai: ter-me demonstrado como não se deve sê-lo. Isso, pelo menos, eu aprendi com ele.
Muito do que tento transmitir hoje aos meus filhos, é um pouco o inverso do que recebi. Se é bom, ou mau, o tempo o dirá, mas tenho esperança que a fórmula dê bons resultados.

Não é fácil ser PAI, nos dias de hoje. O mundo, fora das nossas portas, está perigoso, muito perigoso, e esse perigo acaba por se arrastar também para dentro das nossas casas e influenciar comportamentos. Por isso a nossa missão, assume-se cada vez mais complicada…
Nem sempre podemos educar como queremos, porque somos muitas vezes condicionados por este mundo que chamam de moderno. Temos que alcançar tudo com dedicação, com paixão, mas sobretudo com profundas convicções.

Pela minha parte, essas convicções levaram-me, desde o nascimento dos meus filhos, a assumir determinados princípios e preocupações que defenderei até à morte, mesmo que tenha naturais dúvidas e interrogações:

Criar filhos sensatos e tolerantes, sem presunção e arrogância…
Cultivar-lhes o esforço e a exigência e nunca o facilitismo ou o desperdício
Exercermos autoridade, mas sem autoritarismos…
Não satisfazer todas as vontades, mas demonstrar vontade de fazer coisas…
Privilegiar as referências e os bons exemplos como padrão de comportamento…
Tirar muito do nosso tempo, para partilhar com os filhos o mais tempo possível…
Incentivá-los na luta por objetivos de vida, e não a passividade à espera das coisas fáceis e boas da vida…
Fomentar uma atitude de respeito pelos outros, para serem também respeitados pela vida fora…
Dar à palavra Não, a mesma importância e expressividade que à palavra Sim…
Estimular o diálogo e a opinião, valorizando o saber falar e o saber ouvir…
Brincar, rir e chorar juntos, quanto mais melhor…
Estar presente em todos os momentos marcantes para eles, sejam bons ou menos bons…
Formar gente com valores, com regras e com afetos…
Vincar a faceta de pai, mas também de amigo e de confidente…
Em suma, educar na vida e para a vida…

Se falhei, ou continuarei a falhar? Claro que sim, como todos nós, e disso me penitenciarei sem vacilar, mas não será nunca por falta das tais convicções, e de amor a uma missão que assumi com felicidade.

Mas afinal quem é, ou como se define, o melhor PAI ? Isso não é muito importante, sabendo que cada um de nós acha sempre que tem o melhor pai do mundo. O mais importante mesmo, é que cada pai tenha a noção das suas responsabilidades e dê o melhor de si em prol do presente e futuro dos seus filhos. Todos erramos e os pais, naturalmente, não fogem à regra.
Continuo a pensar, no entanto, que um bom PAI é aquele que formar moralmente bem os seus filhos. Sendo moralmente bem formados, os filhos estarão também mais bem preparados para enfrentar todas as peripécias da vida. Esse é, seguramente, o nosso maior desafio.
Criando boas pessoas, naturalmente estamos também a criar futuros bons profissionais, bons companheiros e, certamente, futuros bons pais também.
Não me preocupa formar sabichões, mas sim sábios. Sábios para enfrentar todas as variantes da vida. A moral, seguramente está acima de todas as sabedorias. O resto vem por acréscimo.
Se participarmos ativamente e apaixonadamente nesta caminhada paternal, a nossa missão terá mais possibilidades de ser bem sucedida.

Uma mensagem especial de conforto para quem, como eu, já perdeu o seu PAI. A melhor forma de honrarem a sua memória, é usufruirem em cada dia, os bons valores que vos foram transmitidos.

Uma palavra final para todos os filhos.
Assusta-me o número cada vez maior de pais desprezados e arrumados num qualquer retiro. Eu sei que a sociedade está a perder diariamente muitos dos seus valores, mas deveis à vossa consciência, um justo tributo a quem vos trouxe ao mundo e vos ajudou a crescer, especialmente aos que deram tudo de si para vos acompanhar.
A gratidão e o reconhecimento, é a melhor forma de celebrar, hoje e todos os dias, o esforço e as provas de amor que os vossos pais vos dão, ou vos deram. Mas porque hoje é DIA DO PAI, aproveitem para dar um especial e sentido abraço ao vosso PAI.
Apesar de todos os meus lamentos que atrás referi, também eu gostava de dar um abraço ao meu…

FELIZ DIA DO PAI

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